Enquanto o Rivotril é enaltecido e utilizado por toda uma geração de forma indiscriminada como se fosse remédio para dor de cabeça, as pessoas que fazem uso desse medicamento pouco sabem sobre os efeitos de longo prazo desse psicofármaco.

O Rivotril é um remédio da classe dos benzodiazepínicos que  são drogas psicotrópicas, isto é, medicamentos que afetam a mente e o humor. Eles também são popularmente conhecidos como tarjas pretas, tranquilizantes, calmantes, ansiolíticos, medicamentos anti-ansiedade, sedativos, pílulas para dormir e hipnóticos. São prescritos principalmente nos quadros de ansiedade, depressão e problemas de sono.

Segundo dados da OMS cerca de 10% da população mundial utiliza os benzos. Desse montante, um terço faz uso regular e o restante ou  dois terços utilizam os benzos a mais de 180 dias. Dados de 2018, indicam que o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em paralelo a venda de antidepressivos e estabilizadores do humor quase dobrou nos últimos anos. De acordo com levantamento realizado pela IQVIA, empresa norte-americana de auditoria e pesquisa de mercado farmacêutico, entre julho de 2013 e junho de 2014, o número de vendas de tais medicamentos era de quase 47 milhões de comprimidos, enquanto entre julho de 2017 e junho de 2018 a venda foi de quase 71 milhões. Estes dados não incluem vendas para hospitais, clínicas ou compras realizadas pelo governo.

Se pensar bem, provavelmente o seu vizinho de baia no trabalho ou seu vizinho de residência tem grandes chances de ser um usuário de Rivotril.

Existe um risco significativo de dependência de “benzos”, por exemplo, mesmo se você seguiu as ordens do seu médico e nunca abusou sua receita, você poderá experimentar sintomas de abstinência significativos caso suspenda o uso do remédio de forma abrupta. A duração recomendada de uso é de não mais do que duas ou três semanas de uso diário. A dependência física estabelece-se após seis semanas de uso, mesmo que moderado. O uso crônico cria tolerância obrigando a aumentar a dose para obter os mesmos efeitos. Entretanto, algumas pessoas podem utilizar a mesma dose mais de 10, 20 anos.

O fato é que ao contrário de uma droga ilícita como a cocaína, a heroína ou de drogas lícitas como o álcool e o cigarro,  os prejuízos na vida da pessoa podem ser vistos de forma menos clara. O prejuízos acontecem de  forma lenta e nebulosa.

Os “benzos” são prescritos para a ansiedade e sono. Mas, a longo prazo, algumas pessoas poderão ter sua ansiedade aumentada e sua qualidade do sono prejudicada. Quadros depressivos também tem grandes chances de se instalar nos dependentes a longo prazo. Alguns usuários de longo prazo relatam  não notar nenhum efeito dessas drogas em suas vidas já tendo tomado a medicação durante alguns anos. Entretanto, quando questionados do porquê de não procurarem um médico e fazerem o “desmame” ou substituição por outro tipo de medicação mais eficaz, esses optam por continuar ingerindo a droga seja por comodidade ou medo. Na realidade, o medo da retirada mantém o indivíduo tomando esse tipo de remédio. A maioria com certeza já experimentou ficar um dia sem e remédio por diversos motivos e se viu completamente desestabilizado emocionalmente nos dias posteriores.

Os problemas de dependência e abstinência/privação são comparáveis aos de outras substâncias que causam dependência como cocaína e, tendo-se transformado, nos países aonde há um uso mais generalizado, num problema de saúde pública.

Pesquisa da Drug Abuse Warning Network (DAWN) do departamento de saúde dos EUA,  indica que em 2009 mais de 300.00 pessoas fizeram uso da emergência dos hospitais nos EUA por abuso de abuso de benzodiazepínicos. Se você tem problemas de compulsão com outras substâncias, isso aumenta a também sua probabilidade de compulsão  com “benzos”.

Dentre as mortes de celebridades envolvidas com coquetéis de drogas contendo “benzos”  podemos citar:  Elvis Presley (diazepam, codeína, morfina e petidina), o cantor Michael Jackson (propofol, diazepam, lorazepam e midazolam), o ator Heath Ledger que fez o papel de “coringa” do filme Batman (oxicodona, hidrocodona, diazepam, temazepam, alprazolam e doxilamina), a atriz e modelo Anna Nicole Smith (clonazepam, lorazepam, oxazepam e diazepam), entre muitos outros (Fonte G1).

Não há dúvida da eficácia e ajuda que esses remédios podem ter a curto prazo, entretanto se tiver que tomar esse psicofármaco, faça isso a curto prazo, mas não deixe de lembrar que a longo prazo ele pode ter efeitos danosos na vida de qualquer pessoa. O potencial para danos cerebrais orgânicos e comprometimento cognitivo podem ser permanentes segundo diversas pesquisas. Todas disponíveis na internet ou em artigos científicos.

Os pacientes que tomam altas doses de “benzos” por longos períodos de tempo apresentam fraco desempenho em tarefas visuais e espaciais e atenção sustentada. Isso implica que esses pacientes não funcionam bem na vida no dia a dia e que eles não estão conscientes de sua capacidade reduzida de performance.

O ideal é que você desenvolva novas estratégias para lidar com os eventos estressantes da vida que não estejam baseadas somente no uso do remédio. Essas estratégias podem envolver o desenvolvimento pessoal, psicoterapia, mudança de vida, exercícios físicos, meditação, técnicas alternativas de relaxamento, yoga, mais lazer, etc, de modo a gerenciar de forma eficaz a sua ansiedade. Com certeza isso dá mais trabalho do que apenas tomar pílulas todos os dias.

Escrevi também um livro cujo título é “Vivendo sem Calmantes – ajudando você a se libertar dos calmantes, da ansiedade e da depressão”,  que está na lista dos livros mais vendidos de medicina alternativa da Amazon Brasil, cujo o objetivo é auxiliar você, seus familiares e amigos que desejam gerenciar melhor a utilização dos calmantes de modo a ter uma vida mais feliz e plena.

Além disso, o livro traz dicas de desenvolvimento pessoal, testemunhos de pessoas que conseguiram fazer o “desmame”, dicas de medicina alternativa e complementar e de diversas técnicas para ajudar as pessoas a terem uma vida com mais qualidade.

Caso deseje mais informação sobre o assunto acesse www.vivendosemcalmantes.com.br. Lá você também encontrará um questionário da Reconnexion uma ONG Australiana para saber se é dependente ou não dessas substâncias.

Cuide da sua saúde! Seu corpo e a sua mente agradecem!

 

Eduardo Drummond – Psicólogo Clínico  – CRP 05/35489 – www.azulpsicologia.com.br

Autor do curso online: Gerenciando a depressão e a ansiedade generalizada

Instagram: @psicologoeduardodrummond